Esta série de pinturas nasce da observação de um vínculo milenar entre humanos e plantas que atravessam culturas, rituais e mitologias. Espécies que não apenas alimentam e curam, mas que deslocam percepções, abrem sentidos, expandem estados de consciência. São plantas que nos transformam e que, por sua vez, foram transformadas por nossa presença, domesticadas, levadas a outros territórios, cultivadas com devoção. Através da cor e do gesto, estas pinturas evocam esse diálogo silencioso entre reinos biológicos distintos. O ritmo das folhas, o brilho difuso que emana das formas, a vibração entre tons quentes e frios—tudo sugere um espaço de transição, uma atmosfera etérea que escapa da visão ordinária. Há um convite para perceber a pintura como um corpo vivo, onde a luz pulsa, as bordas tremulam e os contornos se dissolvem em estados de fusão. Ao longo da história, os humanos ergueram templos, escreveram poemas, inventaram ciências e rituais a partir do encontro com plantas de poder. Esta série se inscreve nesse legado, não como um registro literal, mas como uma experiência sensível: um respiro compartilhado entre espécies, um espaço onde se dissolve a separação entre quem cultiva e quem é cultivado.
O Espiritual na Arte
